quarta-feira, 26 de maio de 2010

APOSTILA DO CURSO DE PAPEL EM FIBRAS DE BANANEIRAS - 1 ª PARTE

Colheita do material (Pseudocaule) para confecção da palha:




O pseudocaule (tronco) da bananeira deve ser cortado cerca de três palmos do chão. O pseudocaule é constituído por camadas que se soltarão facilmente e também de um liquido que pode manchar a roupa e por isso deve-se neste estágio, usar o avental, luvas de borracha e se possível, botas para se evitar acidentes durante o corte.

Para a confecção de palhas, utilizamos todas as bainhas que formam o pseudocaule, que geralmente contem mais ou menos de 15 a 20 partes, e podem ser retirados uma a uma manualmente.

Após a retirada das bainhas, estas serão desfiadas em fitas ou tiras para se obter as palhas.





CONFECÇÃO DA PALHA:

Cada bainha é constituída de varias tiras, sendo cada uma delas de diferente espessura e cada tira é formada uma palha; depois de lavada, secada e trabalhada.



RELAÇÃO DE MATERIAS NECESSARIOS:

- Pseudocaule de bananeira.

- Faca.

- Glicerina ou amaciaste.

- Pedra hume ou sal.

- Lata de tinta vazia e limpa (18 Litros).

- Pano para limpeza.

- Colher de pau.

- Peneira.

- Mesa.

- Cloro ou água sanitária.

- Luvas de borracha.

- Avental.

- Anilina para tecido.

- Água.

- Fogão.

- Jornal velho.

- Tesoura.

- Bacia.

- Tear.

- Sabão em pó.

- Detergente.

Os trabalhos devem ser desenvolvidos em lugares arejados e grandes para se fazer alguns varais, que contenham várias mesas, tanque ou pia com água e fogão de gás.



INTRODUÇÃO:

O curso de artesanato com fibras de bananeiras, tem como objetivo reciclar as fibras que nunca eram aproveitadas; e que, portanto não eram nada úteis.

Assim sendo, após o corte do cacho das bananas, quando estas já estiverem prontas para o consumo, corta-se o caule, o qual este se tornara, depois de trabalhado, geração de rendas através do artesanato, produzindo papeis, palhas e diferentes formas de fios com a fibra deste caule, as quais são perfeitamente viáveis na confecção de vários artigos como: as folhas de papeis, bolsas, esteiras, cestos, chapéus, bonecas, tapetes, etc.

Esta apostila contém detalhes e conhecimentos técnicos para que o artesão possa receber algumas ou várias propostas de como confeccionar e comercializar os produtos relacionados em projeto anteriormente elaborados.

A palha e o fio da bananeira são retirados do pseudocaule (tronco) da bananeira, o papel é produzido inclusive das partes secas.

O pseudocaule da bananeira é cortado para ser reciclado porque a mesma só produz o cacho uma vez: após a retirada do cacho é perfeitamente viável que se trabalhe com o caule para fins artesanais.



TIPOS DE PALHA:

- Palha lateral.

- Palha interna.

- Renda.

- Palha externa.



PALHA LATERAL:

Após a retirada da bainha inteira do pseudocaule, as duas primeiras fitas, retiradas nas suas laterais, que geralmente são finas, não precisam de tratamento, e são chamadas de palha lateral. Pelas espessuras pode-se extrair duas palhas de cada lado da bainha.

Após o corte do restante das tiras da bainha, no sentido do comprimento, elas variam de 1,0 cm e meio á 4,0 cm de largura.

Todas as tiras depois de cortadas serão lavadas e colocadas para secar.



PALHA INTERNA:

É a parte mais mole da bainha, ou seja, á parte de dentro, de onde se extrai a palha.



RENDA:

O meio da bainha é formado por uma camada relativamente rendada; que é extraída limpando-se os seus dois lados da fita.



PALHA EXTERNA:

Como se diz o nome é a palha confeccionada através da camada de fora da bainha, extraídas com o auxílio da faca de cozinha que não possuem serra, para não danificar a fibra a ser retirada.



PREPARAÇÃO DAS FIBRAS:

1 - Depois de retiradas as tiras da bainha, uma a uma, retira-se em primeiro lugar a camada de dentro da bainha juntamente com a renda.

2 - Temos já separada a parte exterior.

3 - Agora, separamos a parte interna da parte da rendada.

4 - Voltamos a parte exterior primeiramente extraída e raspamos inteirinha para a retirada da mucilagem.

5 - Todas as tiras devem ser lavadas e postas nos varais para a secagem.
Se colocadas no sol, as palhas tornam-se de cor clara; se secar dentro do barracão ou em lugares ventilados, mas não secadas no sol, estes terão cores mais escuras.


Como todas as outras fibras vegetais; as palhas de bananeiras devem estar maleáveis para serem manuseadas, ou seja, não podem estar secas demais, e caso isto ocorra, devem ser umedecidas novamente antes de serem utilizadas em trabalhos artesanais.



TINGIMENTO:

Para se tingir as palhas confeccionadas, podemos utilizar os corantes encontrados na natureza, o qual cozido juntamente com a fibra, adquirirá tons e cores variadas ou mesmo podem se tingir comas anilinas utilizadas para tingir tecidos.



MATERIAIS NECESSÁRIOS:

- Lata com água (lata de 18 litros. Com 06 litros de água).

- Pedra hume (10 colheres) ou sal.

- Anilina para tecido (03 tubos).

- Glicerina (10 colheres) ou amaciaste.

- Colher de pau.

- Fogão a gás.



PARA TINGIR:

1 - Coloque 06 litros de água em uma lata de tinta vazia e limpa (de 18 litros) Coloca-se no fogo para ferve, após abrir fervura, acrescente a água, 10 colheres de sal pó pedra hume, 10 colheres de glicerina ou amaciaste e três tubos de anilinas para tecido.

2 - Mexa bem.

3 - Umedeça as palhas a serem coloridas e coloque na lata de água fervendo.

4 - Mexa bem.

5 - Deixe ferver por 45 minutos, mexendo sempre para que a cor fique uniforme.



SEPARAÇÃO E UTILIZAÇÃO DE PALHAS:



Palha interna e rendada:

É utilizada para confecção, em tear, de tecido como:

-Tapetes.

- Bolsas.

- Chapéus.

- Esteiras, etc.



Palha externa e rústica:

É mais resistente e é utilizado para objetos trançados, como por exemplo: sacolas, cestas, chapéus, esteiras e etc.



TÉCNICA:



Preparação do Tear:

- Quadro de madeira 20 x 20 cm, com 02 cm de espessura.

- Pregos.

- Martelo.

- Lápis.


- Régua.


Colocam-se os pregos na parte de cima e na parte de baixo do quadro, com espaço de 01 cm entre eles.



EXEMPLOS DE TINGIMENTOS COMCORANTES NATURAIS.

- Semente de urucum: alaranjado.

- Pó de café: marrom.

- Casca de cebola: alaranjado.

- Açafrão: amarelo.

- Folha de cenoura: verde.

- Folha de abacate: mostarda.

- Caroço de abacate: marrom.

- Folha de salvia: verde.

- Casca de uva: azulada.

- Casca de jabuticaba: rosa.

- Casca de pinhão: marrom avermelhado.

- Semente de girassol: amarelo.



COMO TINGIR UTILIZANDO CORANTE NATURAL:

1 - Em uma lata de 18 litros. Colocam-se 5 litros de água e põe-se a ferver.

2 - Colocam-se 50 gramas de pedra hume ou sal, mexendo bem, acrescente os corantes naturais. Exemplo: (10 cachos de urucum).

3 - Ferver por 45 minutos.

4 - Retirar a planta ou sementes.

5 - Coloque a palha nesta água e cozinhe por 1 hora, mexendo para absorver toda a cor, de forma homogênea.

A pedra hume é usada para fixar a cor, e como fixador natural, pode-se usar folhas de goiabeira, pois esta age como mordente ( fixador). Exemplo:

Dissolver urucum em água fervendo junto com folhas de goiabeira. Cozinhar as fibras por 1 hora nesta substancia, depois de retirar do fogo, deixar nesta mesma água por mais 24 horas.



MONTAGEM DO URDUME (BASE DO TECIDO):

1 - Passar o barbante de 04 fios por entre os pregos, entre dois lados do tear. Inicia-se amarrando o fio no 1° prego, fazendo o zigue – zague até o final, dar um nó no último prego ou iniciar amarrando o fio do barbante no quadro do tear, ao lado do 1° prego.



CONFECÇÃO DA PEÇA. (PANÔ):

1 - Depois de confeccionado o urdume, inicia-se a 1ª carreira no tear, passando a palha confeccionada entre as fileiras de barbante, intercalando um por cima e outra por baixo.

2 - Vá juntando as tiras de palha de bananeira para que fiquem bem juntinhas.

3 - Aperte as palhas usando um pente largo.

4 - As emendas são feitas sobrepondo o ultimo pedaço de palha +/- 04 cm, evitar dar nós.

5 - Utilizar palhas da cor natural ou intercalar com as coloridas.



Técnica

Confecção do cachepô:

Material necessário:

- Palhas ou fios de bananeira.

- Agulha de costurar saco.

CONTINUA ....2 ª E   ÚLTIMA PARTE DESTA APOSTILA   SERÁ PUBLICADA NA PRÓXIMA SEGUNDA FEIRA .......DIA  31 DE MAIO....

2 comentários:

Joel Vieira Artes & Fotografias disse...

Olá pessoal, bom dia!
Muito útil essa apostila.
Estou dando oficina de argila aqui na casa do artesão e essa apostila será de grande valia.
Alias, posso copiá-la?

Obrigado.
Joel Vieira de Amambai/MS

Anônimo disse...

Estou aguardando a 2ª parte que era pra ser em maio... Quando vai sair? Obrigada, Aline